segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A minha faculdade Original de Empreendedorismo


Em 2004 quando meu amigo José Carlos, o Zé do Original, me chamou pra abrir uma lanchonete, eu falei: eu topo, mas só se for um bar.
Começava ali a minha faculdade de empreendedorismo.
Durante anos freqüentei botecos pé-sujos com meu Pai, Seu Wilson, o Cadinha, o Wilson Saideira, esse sim gostava de um botequim.
A afetividade minha para com meu Pai tem ligação direta com a habilidade que desenvolvi como cozinheiro, explica minha psicanalista.
Inauguramos o Bar O Original do Brás em 08 de dezembro de 2004, dia de Nossa Senhora da Conceição.

Com experiência na gestão empresarial oriunda da minha carreira executiva, foquei o conceito do original no resgate da cultura suburbana, na cortesia do atendimento, na qualidade dos produtos, na higiene e num cardápio dinâmico e inovador sem perder as raízes de botequim.


Em pouco tempo tivemos que crescer o bar e dobrar o espaço de atendimento pois o conceito foi aprovado e o bar começava a ser reconhecido pela mídia fazendo com que essa ultrapassasse a barreira da Praça da Bandeira e chegando no subúrbio da Leopoldina.






I Festival Comida di Buteco do Rio de Janeiro 2008 – Um Rolé Pelo Subúrbio

Sempre fui o responsável pelas receitas, testes e implantação de novos itens do cardápio do Original. Mesmo trabalhando em Brasília na metade do tempo que me dividi entre a Capital Federal e o Rio de Janeiro, vi no primeiro festival de visibilidade a oportunidade de colocar em prova a nossa capacidade de ousar.



Como sempre percorri os circuitos do Comida di Buteco e do Boteco Bohemia, aproveitei para fazer um benchmarking onde aprendi muito principalmente com os donos de botequim de Belo Horizonte.
O desafio de criar um petisco novo, bem apresentado, funcional, gostoso e sem perder as características de comida de boteco, me tirou algumas noites de sono. Na minha cozinha experimental, que fica na casa da minha mãe em Iguaba Grande, tive a idéia de trabalhar o famoso bife a role, que possui boa aceitação e nos remete a comida da vovó.
A primeira versão do “Um Rolé Pelo Súbúrbio” trazia grande roles empanados com macarrão cabelo de anjo, repousados em fatias de batata doce e ragú de calabresa e alfavaca. Bom, bonito, gostoso mas nada funcional.



Daí veio a idéia de colocar o role em porções individuais e dentro de barquetes, tipo empadinhas. Fizemos barquetes de batata doce, abóbora, cenoura, cebola, queijo, mas a que ganhou foi a que simplesmente era feita de fubá mimoso.


Há uma semana de escrever o prato no concurso, num sábado, eu e Dona Zilma, tínhamos um desafio, que era encontrar um empanado mais macio que o cabelo de anjo, pois tínhamos preocupação de machucar a boca de pessoas mais idosas, por ser muito crocante. Fui ao Mundial, e num momento de breve desespero, peguei 2 pacotes de cada tipo de farinho que existia na prateleira. Pra se ter uma idéia, até massa pra purê e pão de queijo eu comprei...
Às 11 horas da noite do último dia chegamos num empanado que trazia o macarrão cabelo de anjo, mas em quantidades iguais ao queijo parmesão curado e ralado grosso e flocos de milho,essa a grande surpresa, o “eureka” do prato, pois pipocavam na fritura. Pronto, nascia o “Um Rolé Pelo Subúrbio”.



Com esse petisco que surpreendia os Clientes, a mídia, os jurados e a própria organização do festival, aliado com um trabalho focado no atendimento, higiene e serviço, o Bar O Original do Brás, levou todos os prêmios do Festival.




O Subúrbio começava aí a resgatar suas raízes e mostrar para o Rio que existe vida e bons botecos além da Praça da Bandeira. Em segundo lugar na categoria petisco ficou o delicioso Bolinho de Feijoada do Aconchego Carioca, feito maravilhosamente bem pelas mão mágicas da minha amiga e desbocada Kátia.








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