Um roteiro diferente começa a se formar nas favelas que já contam com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs): o das biroscas.
Os cerca de 30 troféus já conquistados pelo Jaca Verde — time da comunidade em que Deroso joga — compõem a decoração da birosca e são motivo de orgulho. Assim como os petiscos que saem da cozinha:
— O frango à passarinho é imbatível — contou ele.
Mais adiante, encontra-se o Bar da Dona Ana. Lá, o público é outro: os cearenses que moram na comunidade e, para matar a saudade de casa, não resistem a um forró.
— Às sextas, um grupo toca ao vivo. O palco é a parte mais alta da calçada. A rua fecha por causa do mundaréu de gente que vem arrastar os pés — disse Ana Maria Rodrigues, de 57 anos, que há 20 recebe os fregueses na janelinha da birosca:
— Quem quiser comer alguma coisa, traz e eu preparo. Só cobro a mão de obra.
Idealizador do concurso, o professor de marketing Daniel Plá acha que esse tipo de ação é uma forma de todos descobrirem os tesouros das comunidades, antes escondidos pela violência do tráfico:
http://extra.globo.com/geral/casosdecidade/video/2010/16531/
Alguns dos selecionados, visitados pela equipe do EXTRA:
Palavra de especialista
"A birosca na favela tem a mesma função e importância social que tem o botequim no asfalto, qual seja, a de servir de ponto de encontro entre os fregueses, formando uma espécie de clube social. Lá, as pessoas se informam sobre as novidades da comunidade, trocam confidências, brincam, choram, criam, se divertem. Pois, apesar dos guias e do marketing em torno dos botecos, botequim no Rio tem mais a ver com boemia do que com serviço. Tem mais a ver com encontrar os amigos, paquerar e beber, do que fazer programas gastronômicos e experimentar iguarias, embora isso não esteja descartado. Com o tempo, sem o entrave de milícias e de traficantes restringindo o acesso, pode ser que as biroscas se integrem no roteiro boêmio da cidade de forma mais ampla. É questão de esperar para ver."
Paulo Thiago é jornalista
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