CASA VILLARINO
Antes que alguém pergunte, a resposta é sim.
Foi em uma daquelas mesas que o jornalista Lúcio Rangel apresentou Vinicius de Moraes a Tom Jobim, no ano de 1956 para musicar a peça Orfeu da Conceição, que foi apresentado ao público meses mais tarde. Também foi onde se ouviu pela primeira vez o termo BOSSA NOVA, que ninguém sabia ao certo o que significava, mas, acabou dando nome ao novo estilo musical que revolucionou e marcou uma era, admirado no Brasil e no mundo. Dizem que seu autor e primeiro a usar o termo foi Fernando Lobo, usando como qualitativo para nomear tudo que era novidade, outros atribuem a Lúcio Rangel, mas não resta dúvida de que foi no VILLARINO que o termo e o novo estilo musical surgiu.
Em uma das paredes do bar, foi instalado um painel fotográfico, em tamanho natural, para homenagear aqueles ilustres boêmios intelectuais. Nessa parede os freqüentadores registravam sua passagem, onde faziam dedicatórias e rabiscos. Pancetti, Di Cavalcanti e Augusto Rodrigues lá deixaram seus primeiros traços e pinceladas, Ary Barroso registrou ali sua inspiração e as primeiras letras da famosa Aquarela do Brasil.
Fundada por espanhóis em meados de 1953, a tradicional CASA VILLARINO é um misto de bar e delicatessen, onde se encontra bebidas e comestíveis finos, nacionais e importados. Estrategicamente localizada no centro do Rio de Janeiro, virou símbolo e referência da boemia carioca, onde ao final do expediente, poetas, intelectuais, músicos, trabalhadores da justiça e da economia e outros profissionais, amantes de uma boa bebida e um bom papo pra descontrair, se encontram desde aquela época.
E deu no que deu. Inaugurado três anos antes desse momento histórico, o lugar oferece produtos de delicatessen logo na entrada. Nos fundos fica o bar, enfeitado por um painel com a foto de Vinicius lá mesmo, entre amigos. Ainda hoje se pode fazer como o poeta e bebericar uma dose de uísque. Para beliscar, porções de presunto cru, queijo bola ou provolone e sardinhas portuguesas.
Minha dica: Porção de Presunto Cru com Pastinha de Gorgonzola e Torradas, Carne Assada com Talharim na Manteiga ou Lula com Arroz de Brócolis.
Minha dica: Porção de Presunto Cru com Pastinha de Gorgonzola e Torradas, Carne Assada com Talharim na Manteiga ou Lula com Arroz de Brócolis.
CASA VILLARINO / Av Calogeras, 6-B / Centro / Tel (+5521) 2240-1627
CASA PALADINO
É um lugar que parece parado no tempo - e essa é uma ótima notícia. No mesmo endereço há 103 anos, tem cristaleiras na decoração e cardápio de opções simples, mas deliciosas. Em prateleiras na entrada da loja ficam à venda vinhos, queijos e azeites importados.
Restaurante clássico do centro do Rio, a Casa Paladino é uma mistura de mercadinho e boteco, que a mais de 100 anos conta com a mesma decoração e aparentemente os mesmos garçons. O lugar parece que nunca passou por uma faxina e seus garçons, apesar da “má vontade” típica de restaurantes antigos, são descontraidos e de humor sarcástico.
A especialidade é a opção de salame com queijo e ovo, conhecido como triplo. O salme pode ser substituido por presunto ou copa, todos eles servidos em porções bem servidas. A outra boa opção do parco cardapio é o omelete de sardinha, regado a muito azeite português.
Bom para almoco de sexta-feira, sempre cheio e muito apertado, onde os garçons pedem para os clientes servirem outros clientes por não conseguirem passar.
Experimente as omeletes de presunto e provolone, de bacalhau e de camarão. Outra pedida imperdível é o sanduíche triplo, de ovos mexidos, presunto e queijo provolone. O chope da Brahma é bem tirado.
Os preços são módicos, um sanduiche triplo, um omelete e um refrigerante saem por menos de R$ 10,00, mas o local só aceita dinheiro vivo.
Moacyr Luz e Baiano no Paladino – essa você encontra no Livro “Botequim de Bêbado Não Tem Dono” de Moacyr Luz, e eu tive a grata oportunidade de, juntamente com Moa, Eduardo Maya e Cátia do SindRio, ouvi essa engraçadíssima historia do próprio Moacyr, as vésperas do lançamento do livro, ou seja, furo de reportagem. Leiam e divirtam-se:
“Estou com Baiano, amigo de excursões nos butiquins mais vagabundos, sentados numa mesa de canto, quantidade forte de chopps bebidos quando se aproxima um sujeito estrangeiro. Americano, mas falando muito bem português. Ele me conhecia. Estavam em quatro pessoas, também americanos, pedindo dicas de outros bares na redondeza pra fechar a tarde turística. Ele em pé, nós sentados, proposta aceita, juntamos as mesas. “Gosta de cachaça?”, perguntei. Havia uma bailarina que entendeu o termo aguardente e também, curiosa, pede pra provar. Eu olho pro Baiano me sentindo um agiota de subúrbio querendo dar uma volta no último vagão do trem e pensando: - querem uma cachacinha, né? Ô Barriga, desce uma garrafa do marafo, parati pura, tá?
Ri por dentro imaginando o porre que aquilo iria virar. Pensei até em incidente diplomático. Mas o “novo” amigo americano bebia uma dose por gole. A Bailarina fazia padedê quando ia ao banheiro, ainda voltava num 360 graus enquanto meu rosto “arroseava” alcoolicamente pela bendita ingestão. Faço aqui uma pequena crítica ao bar: os guardanapos são pequenos, feitos num papel raro, não desengordura a mão grudenta do salaminho.
Eu, suando mais que personagem de Nelson Rodrigues, gastei um copo do áspero higiênico. A camisa bordada nas axilas, o Severino fumando, o bar enchendo e os quatro americanos pedindo outra garrafa sem tremer um dedinho sequer. Volto ao assunto:
- Mas meu amigo, você fala muito bem português. Vem sempre aqui?
- Sempre! fui casado com uma brasileira.
- É? Brasileira? Do Nordeste?
- Daqui mesmo, carioca. Atriz.
- Atriz? Eu conheço?
- Acho que sim. Sônia Braga.
- Sempre! fui casado com uma brasileira.
- É? Brasileira? Do Nordeste?
- Daqui mesmo, carioca. Atriz.
- Atriz? Eu conheço?
- Acho que sim. Sônia Braga.
Quase cuspi o pivô. Eu achando que era o dono da situação, tive queda de pressão e fui levado pra respirar na Igreja de Santa Rita de Cássia, padroeira dos estivadores, fincada na mesma calçada. É isso.”
Ainda por Moacyr Luz: O bar tem uma mercearia na entrada que nos dias de hoje poderia tranquilamente se chamar delicatessen. Ricardo, o dono, vascaíno, sabe de cor a safra de cada vinho exposto e, se você não apeteceu com os sanduíches ou as fritadas, ainda posso sugerir da lojinha uma lata de sardinhas. Lata portuguesa. Eles servem com cebolas cruas e cheiro verde. Fica uma delícia!!! Mas preste atenção: de lá surgiu o serviço de Azeite na Mão. O garçom traz a lata, mas não deixa você se servir. Fica presa na palma feito celular. Mesmo assim é maravilhoso!
CASA PALADINO / Rua Uruguaiana, 224-226 / Centro / Tel: (+5521) 2263-2094
Oi, CH, sou colega da Ciça Roxo, ela me indicou seu Blog e também sou fã da Gastronomia de Botequim.
ResponderExcluirSou pupila do Bar do Jóia, na Rua da Conceição, que perdeu seu patriarca mas mantém a confraria a todo vapor. Foi repaginado mas mantém no cardápio uma BISTECA COM BATATAS ALOURADAS de comer rezando!
O Bar do Jóia tem até Blog, vá conhecer o Portugua na figura caricaturada pelo Márcio Pedreira, o substituto do Jóia na administração.
http://tretasdabaia.zip.net/
Um abraço,
Helô Brum
Oi Helô, tudo bem querida ? O Jóia é e sempre será uma jóia da cultura dos botequins cariocas. A última vez que estive lá, foi com o Guilherme Studart, numa rodada de visitas de escolha para o Comida di Buteco de 2008...Preciso voltar e prestigiar a nova administração, ou melhor, a herdeira da jóia da corôa...Beijos e obrigado pelo comentário...Espero vê-la mais vezes por aqui...Bjs e Bjs na Ciça...Carlos Henrique Cadinha...
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