domingo, 28 de março de 2010

Andando e Acecipando em Copacabana, 3 bares + 7 quarteirões = nota 10

Uma pérola de mini roteiro de boteco para ser feito a pé, em Copacabana, numa tarde de domingo, calor, céu azul, bate papo descontraído e hilário.
Só não pode chegar em casa pra lá do Panamá.




Primeira Parada - Bar Pavão Azul
Rua Hilário de Gouvea, quase esquina com Rua Barata Ribeiro.

:: Agora com 2 casas e segurança total, pois a tradicional casa fica em frente a 12a. DP e a nova ao lado. O Pavão é Azul e escoltado pela polícia.

Confesso, ainda não conheço a nova casa - peço desculpas a Dona Vera - mas na casa original, a cozinha atrás do balcão, cabe um fogão convencional de quatro bocas. Diariamente é repetido o ritual de colocar de molho 15 a 20 quilos de bacalhau, fervê-los e desfiá-los no capricho.

Na hora de servir, o pescado é misturado com azeite, ovo, cebola e salsinha, tudo em proporções supervisionadas de perto pela simpática, guerreira, empreendedora e amida da terrinha, a portuguesa Vera Afonso.

A Patanisca – uma espécie de bolinho de bacalhau feito sem batata – é o nome da iguaria que mantém sempre cheio o Bar Pavão Azul. Não importa que a receita tenha vindo com Vera de Trás-os-Montes, pois é reconhecida como prima-irmã e uma variação suflada, suspirada de um dos petiscos mais famosos do Rio, o Bolinho de Bacalhau. As pataniscas, os bolinhos de bacalhau que se desfazem como um suspiro, as sardinhas fritas e outras heranças lusitanas.

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Segunda Parada - Adega Pérola
Rua Siqueira Campos - "Bairro Peixoto"

:: Conheci a Adega Pérola ainda menino, com 5 anos, pois meu Tio, Silvio Madureira, era frequentador do tipo "sócio", batia ponto por lá e levava meu Pai e eu ia junto. A Adega Pérola é um caso a parte e só conheço algo parecido em São Paulo do Bar do Seu Luiz Fernandes, em Mandaqui. São 70 acepipes expostos no balcão, alguns por unidade, porção, meia porção, peso, e você monta do jeito que quiser. Sem falar de outros petiscos que saem da cozinha.


Boteco conhecido como resistência a comida light, a Adega Pérola, não viu diminuir sua clientela. Lá é possível se perder na hora de escolher um entre os petiscos. Mas a lista sofreu baixas nos últimos anos, quando deixaram de ser ofertados testículos de boi e joelho de porco. Pouco encontrado em outros lugares, o rolmop, enrolado de sardinhas marinadas, chamado por alguns de "sushi de português", é o carro-chefe da casa. Gosto muito das variações de jiló e mexilhão ao vinagrete. Programa imperdível.

Agora vamos andar 5 quarteirões com o compromisso de parar somente em caso de emergência, pois temos que chegar no Panamá, o boteco mais limpo do mundo !!!

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Terceira Parada - Bar Panamá
Rua Domingos Ferreira - entre Bolivar e Barão de Ipanema

:: Eu frequento muito a Pizzaria Caravelle em Copacabana, uma tradicional pizzaria que gosto muito e que fica extamente em frente ao Bar Panamá. E o que me chama a atenção ? Sempre a mesma coisa: um Senhorzinho atrás do balcão, um funcionário de uniforme azul, todos os itens expostos com preço pendurado e um chão de dar inveja pro melhor porcelanato que existe, o chão mais limpo do boteco mais limpo que conheço.


Juarez Becosa certa vez, referindo-se a Rua Domingos Ferreira, a batizou de "Forrest Gump Carioca", adorei !


A primeira lanchonete do Bob´s foi ali, aberta em 1952 e continua até hoje. E, exatamente ao lado, dois espanhóis, Antônio e Rogério, comandam, desde 1968, o Panamá Bar.

O Panamá é botequim botequim. Não aceita cartão, não tem mesa nem garçom. O letreiro é lindo, das antigas, e fica no centro da grande estante de madeira colorida pelas garrafas e etiquetas de preços feitas à mão.


Mulher por lá é raridade, mas parece que o bar foi feito pensando nelas, pois possui cuidados que deixariam sua companheiro lisonjeada. Para começar, serve champanhe gelada, e a preços camaradas: R$ 32 a garrafa de Salton, com direito a taça e balde de gelo. O banheiro é mínimo, mas limpíssimo, com espelho na porta e gelo no mictório.


O balcão, oferece sardinha inteira, jiló recheado, batatinhas e outros petiscos de bar ibérico. Nada demais, mas não importa. O que alimenta ali são as histórias. Da rua, dos donos, dos clientes, dos dias em que a Domingos Ferreira era vitrine do Brasil.


Serviço:

:: Bar Pavão Azul - Rua Hilário de Gouveia, 71 - Copacabana
Tel.: (21) 2236-2381.


:: Adega Pérola - Rua Siqueira Campos, 138 - Copacabana
Tel.: (21) 2255-9425.



:: Panamá Bar - Rua Domingos Ferreira, 242 - Copacabana
Tel.: (21) 2235-0933

Espero que gostem, boa caminhada !!!

gastronomia::de::botequim
por Carlos Henrique Cadinha

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