terça-feira, 10 de novembro de 2009

Redes de botequim no Rio concorrem com elas próprias

Pegando uma carona na matéria "Um Brinde a Tradição" do Rodrigo Aör da Veja Rio (30-set-2009) aproveito para escrever sobre um assunto que constantemente faz parte das conversas de bar.

Já fui procurado muitas vezes por franqueadores masters que me ofereceram franquias, desde cosmética até alimentação, assim como sou muito questionado por não multiplicar meus negócios através desse modelo. Tenho forte opinião formada sobre isso, que renderia uma pauta inteira nesse blog. Somente para compartilhar um pouco da minha opinião do que chamo de "pasteurização de um negócio", a franquia, o meu modelo de gestão não combina com obediência a conceitos e processos de outrém nem com convenções condominiais como as que ocorrem em shoppings, por exemplo. Sou a favor de mergulhar na diversidade de perfis do público-alvo e criar um conceito aderente, até replicável. Mas replicar pra quê ? Concorrer comigo mesmo e tolir a população de conhecer coisas novas ? Começo a falar aqui do negócio Bar & Botequim.



Muitos Investidores e Poucos Empreendedores com Novas Idéias

Neste século, o carioca assistiu à invasão das redes dos botequins chamados pés-limpos, com decoração padronizada, serviço eficiente e, fundamental, banheiros limpos. Bastava abrir uma casa assim que era lotação garantida.

A fórmula, porém, começa a dar sinais de saturação. Em 2000, as principais redes da cidade possuíam oito estabelecimentos. Oito anos depois, elas reuniam 47 endereços, que agora, em 2009, caíram para 42.

A bolha do chope estourou, e o mercado passa por uma arrumação. "A concorrência é enorme", constata Roberto Zaccaro, sócio do Espelunca Chic, que desde 2006, quando foi inaugurado, fechou sete dos seus oito pontos.

Para atrair a clientela, os bares se reinventam e buscam o caminho inverso da regra até então consagrada da pasteurização. O Botequim Informal e o Belmonte, duas das maiores cadeias da cidade, investiram recentemente em casas diferentes daquelas cujo padrão ajudaram a consagrar. História exemplar foi a compra da Casa Brasil pelo dono do Belmonte, Antônio Rodrigues. Sua idéia inicial era abrir mais uma filial da marca. Porém, diante dos protestos da antiga freguesia, manteve o nome e a identidade original do bar. O recém-adquirido Cevada, em Copacabana, vai pelo mesmo caminho.



Efeito Lei Seca ? Não, somente um culpado para mudar de opinião e corrigir o Plano de Negócios

Com o carioca mais comedido na perigosa combinação bebida e volante, os chamados bares de bairro - menos sofisticados, mas com grande tradição – voltaram a ganhar espaço. "O Bracarense e o Jobi mostram a importância do envolvimento com o cliente.
Nos botecos com filiais, a relação é mais fria", opina o empresário Daniel Guerbatin, citando dois estabelecimentos que não se multiplicaram pela cidade. Ex-sócio do Espelunca Chic, Guerbatin é um dos mais novos seguidores da nova tendência. Ele abandonou de vez o estilo mais padronizado ao lançar em Ipanema o Barthodomeu, cujo nome já diz tudo.

2 comentários:

  1. Para reafirmar as colocações explicitadas pelo dono do blog, cito um claro exemplo de que o que diz é a mais pura verdade. Todas as sextas-feiras reúno meus amigos e vamos degustar uma deliciosa cerveja e alguns petiscos na Praça Varnhagen, na Tijuca. Como de costume preferimos nos acomodar no botequim Só Kana, porque, além do atendimento de excelência que recebemos lá, ele sim é digno de ser chamado de boteco. Enquanto os outros bares cheios de "papagaiadas" tem muitas de suas mesas vazias, o Só Kana tem fila de pessoas esperando pacientemente um lugar para se acomodar ou até mesmo bebem em pé. Agora lhes pergunto. Será que realmente não é hora de pararmos de nos preocupar com toda essa pompa que um bar ACHA que deve ter? Será que não é hora de realmente darmos valor aos bares de bairro como o Só Kana sempre foi e continua com essa tradição? BOTECO sempre será BOTECO e por mais que tentem, niguém mudará isso.

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  2. Marcello, obrigado pelo comentário. Conheço o Só Kana e vc foi muito feliz, pois trata-se do melhor exemplo para o assunto que abordei. Tem uma fresquinha que aconteceu ontem com o Pedro Landim, responsável pelas matérias de Gastronomia do O DIA. Durante o apagão, ele tentou entrar no Belmonte e o serviço estava encerrado devido a falta de energia. E aí ele foi caminhando até o Bar Rebouças. Chegando lá, foi bem recebido e "bebeu todas", segundo ele próprio, a luz de velas e com altos papos. Um boteco de verdade faz até a falta de luz virar detalhe. Tá registrado no Facebook dele. E eu comentei lá: boteco é boteco, sempre...e vc acima afirma a mesma coisa...Um forte abraço Marcello,

    Carlos Henrique Cadinha

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